Virgens Suicidas

05-07-2024

Críticas sobre esse livro tendem a considera-lo meia boca, com argumentos por ser um livro contado pela visão dos vizinhos das irmãs Lisbon deixam perguntas ao vento. Não posso negar que essas mesmas perguntas ficaram por um bom tempo em minha cabeça, mas o que o livro tem a transmitir é mais forte do que minha vontade de entender as irmãs, pois é exatamente sobre essa vontade de entende-las que o próprio livro trará críticas.

O livro mostra a visão dos vizinhos das irmãs Lisbon, que às veem como seres inalcançaveis, e essa visão nos faz pergutar-mos o porque do suicídio das mesmas, tendo em conta a aparente vida perfeita delas, até porque, quais motivos faria garotas tão belas cometerem tal ato? Exatamente, o livro nos colocará na visão masculina de que a beleza retratará motivos suficientes para a vontade de viver, e consegue ser tão bem escrito que realmente nos faz pensar que a beleza é motivo suficiente, junto do mistério que as irmãs são, mas assim só são por serem bonitas, elas nunca foram um mistério, sempre foram um  livro aberto da qual ninguém tinha coragem de se aventurar por se acharem inaptos de tal, a aparencia e essência pura que emanavam delas as transformavam em seres divinos, o que implicou na solidão das garotas, junto com a proteção sufocante da mãe.

A proteção da mãe, é o arco do livro que mais me prende, pois prova que apenas o amor não basta. Nunca poderemos negar o amor que a mãe tinha com as filhas, algo dito pela mesma no fim do livro quando lhe é perguntado; " Nunca lhes faltaram amor."

Apenas amor, nunca foi e nunca será o suficiente para um relacionamento (não necessáriamente romântico)  duradouro e funcional, para isto é necessário abdicação e esforço mútuo, e a partir do momento que o respeito não vêm de uma parte, é esperado que pare de vir do outro.  O amor é a base de tudo, e acredito que por isso a Senhora Lisbon não consegue acreditar que tenha parte da culpa pelo acontecido de suas filhas, porque ao seu ver, apenas o amor é suficiente.

O livro mostra-nos que por mais que os meninos as vissem como igualmente perfeitas e inalcançáveis, eram diferentes, mas o quão cego eles estávam os impediam de as dividirem como seres humanos únicos e viam as mesmas como totalmente iguais, e por isso eram apaixonados por todas, pois não olhavam suas individualidades. O primeiro que pode ver que eram garotas normais, com dores e diferenças e que não estavam nem próximas da perfeição foi o Trip, que viu Lux como um desafio, e a abandonou no campo ao ver que era mais fácil de possui-lá do que imaginava, porque ela não era inalcançável e sim sofredora.

O objetivo do livro não é responder nossas perguntas sobre o que levou as meninas a cometerem tal ato, mas nos provar que a desumanização das meninas chegou ao ponto de não enxergar-mos o quão óbvio é, e nos fecham aos olhos dos garotos que mesmo após sua morte não conseguêm vê-las como humanos e sim como intocáveis, que não tinham motivos e não poderiam sofrer.

Pra mim esse livro é sensacional, um tapa na cara da sociedade, e o nosso desejo por resposta só prova sua tese, que também não conseguimos humanizá-las.




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